segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Poesia REFOOD



Refood de Carnide, instalada no Lar Maria Droste, Irmãs do Bom Pastor, desde 2015

           
   
              
NEM SEI POR ONDE COMEÇAR
HÁ TANTO PARA DIZER!
VAMOS VER O QUE SAI,
PARA A TODOS AGRADECER

PRESENÇA, COMPROMISSO,
AMIZADE, BOA DISPOSIÇÃO,
É ASSIM À TERÇA FEIRA,
COM AMOR NO CORAÇÃO

TODOS JUNTOS EM EQUIPA
PARTILHAMOS IDEIAIS
SEMPRE COM UM MOTE EM MENTE
“VAMOS TENTAR FAZER MAIS”

SEMPRE MAIS E MELHOR
POR VEZES COM MATÉRIA PRIMA ESCASSA
SEMPRE A PENSAR EM QUEM TEM MENOS
NEM UMA MIGALHA ESCAPA!

18.30 CHEGAMOS,
COMEÇA TUDO A MEXER,
VÊM AÍ AS FAMILIAS
HÁ MUITO QUE FAZER!

PÕE AVENTAL,
PEGA O SACO,
ABRE O FRIO,
TIRA A CAIXA,
EMPACOTA,
PÃO E BOLOS A SEGUIR,
IOGURTES, LEITE E VERDURAS,
ESTÁ PRONTO A SAIR!

LEVA SACO,
LAVA CAIXA,
SECA,
ARRUMA,
VARRE E LAVA O CHÃO, ESTÁ QUASE,
NEM UM SENÃO!

NÃO FICA NADA POR DAR
TUDO TEM DE SAIR
SE HÁ BENS A SOBRAR
HÁ QUE DISTRIBUIR!

POR FIM AS DESPEDIDAS,
BOA SEMANA DESEJAMOS,
ATÉ À PRÓXIMA TERÇA
PARA A SEMANA CÁ ESTAMOS!!!

Para a equipa I turno de terças –feiras da Refood Carnide, com amizade,
Paula Abrantes em Dez.2016


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Taberna da Ti Maria Torrada



Taberna da Ti Maria Torrada
 Barca do Pego-EN nº3, Alferrarede, Abrantes.


O pai trabalhava nos fornos de cal do Bom Sucesso como encarregado e decidiu fazer uma taberna, para a filha  (quando esta tinha 7anos), para esta vir a ter melhor vida, em 1943. Ficou a  ”taberna do torrado” e fixaram uma placa de madeira no exterior a dizer:
“vinhos e petiscos com elas” (azeitonas)
Passado algum tempo passaram lá, os fiscais da C.M. de Abrantes, que queriam o pagamento por ter a tábua no exterior, e logo, a tábua foi retirada.
Quando a Maria Torrada começou a ir à Escola Primária, a mãe recomendava sempre para não se demorar, para vir ajudar na taberna.
                    
O nome Torrada, veio do pai; este andava com uma camisa rota a trabalhar nos fornos de cal do Bom Sucesso, as zonas dos rasgões ficaram queimadas do sol. Tinha ele 14anos.


 No início quem ficou na taberna foi a mãe Jacinta, e a filha Maria Torrada ajudava.
A Maria recorda que nesse tempo na taberna só se vendia:
-vinho tinto e branco
-aguardente e abafado
 
-tabaco de onça, Duque o mais forte e mais quantidade-velhotes, superior e Francês.
           -tabaco definitivos, mata-ratos, Paris e 3 vintes mais caro.

Notas
  1-tinha uma licença especial para vender tabaco, que comprava no armazém do
Sr Lopes em Abrantes, agora é o Pingo Mel.
  2-o vinho e as outras bebidas, ia abastecer-se ao armazém do Sr Vitória em Alferrarede, casa verde ao lado do cinema.


Frigorifico, não havia.Tinham um pequeno tanque com areia, sem fundo, onde metiam água todos os dias, da mina ou dum poço, por ser mais fresca que a água do Tejo. As cervejas enterravam-se na areia com o gargalo para cima e ficavam mais frescas. Era tapado com madeira. Com a infiltração da água na terra não cheirava mal.
Água, para as lavagens, em especial dos copos, ia todos os dias ao Tejo com o burro busca-la, uma ou 2 vezes. Para beber ia à fonte Omnia da Quinta da Anadia.

A 1ªtaberna era pequena e ficava ao lado dum depósito de cal, onde fica a taberna atual com residência. Funcionou entre 1943 e 1956.                       

A 2ªtaberna foi na casa do rancho na Barca do Pego, entre 1956 e 1961.
A taberna actual é a 3ª, começou em 1961 aquando da construção da casa de 1ºandar. Ficando a habitação em cima no 1º e a taberna em baixo no r/c om um espaço reservado de cozinha para grupos assarem o petisco.           

Algumas histórias das milhentas, que a Maria Torrada vai contando, é como um rio em que a água límpida ainda corre; assim conta com palavras simples e claras as vivências e as amizades criadas nesta taberna que se encontra cheia de afectos. Sem esquecer os 80 anos quase feitos desta menina com uma memória fantástica.

-Rezineiros, anos 1940, 50 e 60, os chefes de vários grupos que vinham das aldeias próximas como Alcaravela, Mação , Evendos, etc. Iam levar os bidons de resina a Alferrarede à SOER e ao Sr Lagoa. O local de paragem  para comer a bucha, era na taberna da Maria Torrada.
Traziam um chouriço num pacote de papel pardo e ali conviviam a comer e a beber vinho. A Maria era pequena, muitas vezes comia com eles e ouvia as suas histórias.

-Estudantes, anos 1950, 60, 70, vinham para o Colégio Infante de Sagres do Professor Santana Maia que tinha internato e ficava nas Mouriscas. Saíam no comboio em Alferrarede e depois iam de carro para as Mouriscas, parando na taberna da Maria Torrada.
Depois do 25 de Abril de 1974, o Santana Maia vende o Colégio ao Estado.

-Ranchos para a azeitona, vinham do Carvoeiro, S.José das Matas e Alcaravela para a apanha da azeitona nos olivais da Quinta da Anadia; tinham trabalho até ao Natal. Paravam na taberna da Maria Torrada.

-Os melhores clientes eram os homens dos Fornos de Cal que funcionaram até ao início da década de 1960, e os clientes da Cal que vinham de Barco e com carros de Bois de longe, e os burros com alforges.

-Grupo de amigos e cantadores, que animaram muitos fins de tarde o convívio da taberna.
Imagine-se as anedotas que se contaram na taberna e contam.
Acrescento um pequeno episódio: um indíviduo que frequentava muito a taberna e um dia passa com a esposa de carro, este pára o carro para a esposa ver quem era a Maria Torrada de que falava em casa, “qual não foi o espanto”, era uma velha taberneira e amiga que ajuda o convívio de fim de tarde depois dum dia de trabalho!!!


Fontes:
Maria Torrada, o meu bem haja pela disponibilidade e simpatia.
Fotografias do tabaco e abafado partilha da net.