sábado, 1 de abril de 2017

Ferreiro Luís Ventura, Valhascos, Sardoal

    Ferreiro Luís António Ventura, de 83anos, Valhascos, Sardoal
                       
 O pai António Ventura começou a Oficina de Ferreiro em 1927. Tinha estado na 1ªguerra em França 1917/18, quando regressou foi aprendiz de ferreiro e depois sócio durante 4 anos de João Lourenço Galinha.

1946- com 12 anos, o Luís Ventura ia com uma muar, carregando as cangalhas com ferramenta e aparelho(albarda), ia buscar serviço e entregar trabalhos. Consoante o material levava a carroça em caso de necessidade.
1950- nesta década começou a usar a bicicleta na volta.
1972-5 de março, adquiriu uma motorizada para fazer a volta, e só fez até outubro desse ano. Porque aumentou o trabalho nos Valhascos.

Volta só  ao domingo -  Alferrarede, Rossio ao sul do Tejo, Arrifana, , S.Miguel do Rio Torto, Bicas, regresso por Arceadas, Arrifana, Rossio, Alferrarede Velha, Valhascos e chegada à oficina.
           

Trabalhos que se faziam na oficina:
Lavoura
            Enxadas
            Cangas                       
            Enxada de bicos
            Picaretas
            Enxada de mato, tem um machado atrás
            Arados
            Grade, faziam os dentes o resto era de madeira
            Noras e os respectivos alcatruzes, e reparação. Peça almajarra, com lança e guia do burro e nora de pontaria. Fez 5 noras numa primavera e acabou depois só reparações.
Peças fundidas, da fundição do Rossio ao Sul de Abrantes

As mulas e ou os burros das Noras e da Lavoura, acabam por ser substituidos:
-1º o motor a petróeo na década de 50 e depois o motor eléctrico na década de 60
-2º a charrua, pelo trator e ou a motoenchada

                     Fole da forja

          Engenho manual de furar, era o berbequim desse tempo

Ferramentas
            Escoporos
            Ponteiros
            Afiar ferramenta
Comprava tirifones à CP nos anos 60, para as grades da lavoura; e o carpintteiro aplicava-os e outras tirifones eram só afiados.
Tirifone= tipo prego com anelar ao meio e rosca em cima de ~8cm.
Nos anos 80, faziam-se portões de ferro, portas e janelas.
Nos anos 90 caíu muito  a procura deste tipo de trabalho.

A Forja , tem um tanque para arrefecer a tenaz e dar a têmpera às ferramentas que se faziam, depois da água ainda levava um pouco de calor , algumas para ver a rigidez.
A qualidade do aço e a têmpera é importante, para a qualidade da ferramenta, por exemplo um ponteiro!
                               Tanque de água

           

                               Torno de bancada dos anos 20
            
                                                  Esmeril manual

Fornecedores:
Matos Tavares, Alferrarede.......................carvão para a forja e ferro
Vieira de Leiria e Entroncamento..............ferragens, fechaduras, eletrodos e ferramentas
1969-máquina de elétrodos, do Armando Ferras....depois chegada da electricidade 1959
         
                                        Quadro elétrico de 1969, com disjuntores atuais

Outros Ferreiros dos Valhascos, desaparecidos:
            -João Lourenço Galinha
            -José Luís, ao lagar José Lobato
            -Manuel Ramos, LºFigueiredo


Fontes: Luís Ventura