Quinta da
Arcêz, Cabeça das Mós, Sardoal
A Casa Senhorial, actual residência de
Carlos Neves e família
O pai, Dr. João Germano Neves da Silva, médico e
chefe de Patologia no Hospital de Oncologia de Palhavã (óbito em 1977). Deu um grande
impulso à quinta, com a construção da levada de água de ~1200m comprimento
(1945). Esta era utilizada para regas, azenha, consumo da casa, animais, etc.
Criando também uma feitoria com trabalhadores agrícolas para auto sustento da
quinta.
A mãe, Maria Luísa Leal Matos e Silva, herdou a Quinta
da Arcêz.
Influência positiva
desta família no Concelho Sardoal
1-Avô materno de Carlos Neves, pagou a 1ªFilarmónica e construíu o 1ºTeatro do Sardoal.
Esta família tem também origens em Vila de Rei.
2- A Ponte da Arcêz na EN358, foi construída a pedido
do pai Dr João Germano Neves da Silva ao secretário das obras públicas nos anos
50, construída ~entre 1960 e 63, onde trabalhou o Bejamim Lopes, e inaugurada
em 1966. Antes era uma pequena ponte
de madeira,pedonal, junto à água. As carroças atravessavam o leito da ribeira.
A actual ponte, já era pedida hà muito, pelas populações
locais; para facilitar as deslocações a Abrantes e ao Alentejo.
Localização da Quinta
da Arcêz, desde a barragem até à zona da ponte na EN358
Nota: verifico um erro no
“googlemaps”, a Capela está assinalada onde era o curral das ovelhas na Quinta (
mais tarde usado como café), fica junto à barragem. Assinalei a vermelho.
A ponte da Arcêz inaugurada
em 1966 fica na EN358, próximo da casa Senhorial ,e das casas de apoio,
assim como de todo o vale que era cultivado ( lado direito da imagem).
Verifica-se no local, que a ribeira está invadida com árvores. Predominância de
acácias.
A Quinta da Arcêz foi no séc XX ~ anos 1940 até início de
1980 uma das principais entidades empregadoras da aldeia Cabeça das Mós. Todo o
vale da ribeira da Arcêz desde a Lapa até à ponte que dá para as Mouriscas era
cultivada ( margem direita), ~1km. Sempre com grandes milherais, aveia e trigo.
A arca de 125 Kgs ~ 60 alqueires. Chegavam a encher 7 arcas destas com os cereais. Em cima da arca
pode ver-se o ferro com o logotipo da quinta um “ A” que se vê marcado na arca e com que
se marcava o gado também.
Cavalo em pasto livre da quinta
Quinta composta por:
-capela da Lapa,
onde o Bispo da Baía ia celebrar missa todos os dias, percorria a pé todo o
vale desde a Casa Senhorial até à capela, séc XVII.
- Casa Senhorial
-Fontanário, existindo outro com mina no exterior onde o
Bispo da Baía bebia.
-Azenha de rodízios com 2 pares de mós “Francesas”, mais
rijas para moer o cereal. Era uma de milho e outra de trigo. O Serafim da
azenha da Lapa é que picava as mós. Faziam uma farinha muito boa e fina.
-Lagar de Vara de azeitona puchado por muares e nos anos 60
o lagar novo a motor de gasóleo.
-estábulo
-adega
-armazém de cereais
-casa da criadagem e
que foi depois armazém de batata no 1º e de fruta no r/c. Hoje com o dono
Carlos Neves foi adaptada para Turismo Rural-considero simplesmente
encantadora com a ribeira ao lado. Os hóspedes são acordados aos primeiros
raios de sol, por uma orquestra de pássaros dos choupos da ribeira !
Sinos, a quinta
tem dois em locais diferentes, onde um dava o toque de pegar ao serviço e outro o de despegar. No verão o almoço era de 2 horas, permitindo
dormir a sesta.
Os sinos tinham que se ouvir no ponto mais longínquo, que é
ao açude da lapa.
Levada, vai da
Lapa onde está a comporta geral até à azenha e pelo caminho a levada tem várias comportas para a rega. Foi
construída cerca de 1945, era o Carlos
Neves miúdo e lembra-se dos pedreiros na sua construção.
Trabalhadores fixos anualmente, eram cerca de 10, com horário
de sol a sol, a sua jorna nos anos 1960 era de 22$50/dia, pagamento semanal ao
Domingo depois da missa no Largo da Cabeça das Mós. Havia semanas que alguns só
trabalhavam 2 a 3 dias.
José Maria
Manuel Esteves
Ramiro Moleirinho
Sebastião Maranga
Ti Paulina Esteves
Ti Maria Andresa
Pastor-SªVitória, com 90 ovelhas
O feitor Luís Filipe
Gaspar Bernardino nascido em Vila de Rei em 1935. Entrou ao serviço da Quinta
da Arcêz em 1962, e foi também o moleiro e mestre do lagar da quinta, fazia
também o vinho e a aguardente para consumo da casa.
A esposa do feitor Ludova da Silva Barreira, tratava da
criação (1-mula, porcos, marrãs criadeiras, 3-vacas, perus, galinhas e coelhos)
e fazia ainda o pão para a quinta.
Antes do feitor Filipe
foi o feitor Canhoto que era de
Vila de Rei(... a 1962).
Carlos Neves (78anos) com José Lopes em 7/4/2017 juntos ao
velho alambique de barro
Trabalhos executados, roçar mato, cavar, regar, engorda de
vitelos (compravam em pequenos e vendiam-nos com cerca de 300Kg), e pastoreio
de ovelhas. Havendo ainda os ciclos da azeitona e dos cereais.
Ciclo do azeite, a quinta tinha outras propriedades só de
olival tais como:
-do cemitério do Sardoal até à EN2 e passando pelo eucalipto
histórico com 600 pés de oliveira, onde perto havia uma casa destinada ao
rancho de mulheres que vinham de Alcaravela (Pisão) para a apanha de azeitona,
a que se juntavam os homens fixos da Arcêz.
-actual zona industrial do Sardoal, era olival com cerca de
300 pés.
-Tapada Nova e margem esquerda da ribeira até ao Casalinho
na Cabeça das Mós.
Houve um lagar de vara
até meados de 1960, e depois a quinta instalou um lagar novo com motor a gásoleo.
O mestre lagareiro era o Manuel Ferreiro e depois passou a ser o feitor Filipe
Bernardino.
O produto da quinta
destinava-se a toda a família Neves e vendiam
para fora:
-queijos frescos (chegou-se a fazer 90/dia) e secos, o leite
sobrante era para a casa.
-vitelos
-borregos
-porcos para criar
-leitões
Produções excecionais
de anos bons:
-200 alqueires de milho
-60 alqueires de trigo
-125 alqueires de aveia
A lavoura nos anos
1960 ainda era com arado e uma parelha de mulas e mais tarde, passou a uma
mula mas havia já um motocultivador, sendo o 1º na Cabeça das Mós.
1971-O Dr João
Germano Neves da Silva decide alterar o funcionamento da Quinta da Arcêz a
contento, alugando a Quinta por 24 000$00/ano em géneros ao feitor Filipe
Bernardino.
Depois do falecimento do Dr Germano Neves, ainda ficou 5
anos até 1980 com o filho Carlos Neves.
Filipe
Bernardino, 18anos feitor na Quinta, de 1962 a 1980
Um pouco de história da Quinta da Arcêz
O Bispo da
Baía Dom Gaspar Barata Mendonça, celebrava aqui missa. Aquando da nomeação pela
Bula “Divina Disponente Clementina” em16/11/1676, para a Baía. Uma doença grave
acometeu-o, e durante os 10 anos
seguintes passa longos períodos de vilegiatura e convalescência na zona de
Arcêz e Lapa, pertencente à sua família, onde em contacto pleno com a natureza
dessa paisagem ídilica e, ao mesmo tempo, sedativa e repousante, procurava
aurir a saúde perdida. Faleceu a 11/12/1686.
O vale para o lado de Entre Serras, chama-se Vale do
Arcebispo, onde existe uma fonte com mina, e em que muitas vezes era só este o
alimento do Bispo.
Já no século XX a quinta era pertença de DªMaria Eliza e
DªNatividade de Vila de Rei, como não tiveram filhos deixaram-na à afilhada Maria
Luísa Leal Matos e Silva que veio a casar com o Dr João Germano Neves da Silva.
A quinta actualmente é do filho Carlos Neves.
Fontes:
Carlos
Neves, Quinta da Arcêz
O último feitor(encarregado),
Filipe Gaspar Bernardino de 1962 a 1980, 18anos.
José
Pimenta Lopes
Livro dos
75 anos do IPO, onde trabalhou o Dr João Germano Neves da Silva
Beatriz
Lopes, lembra-se de ir levar o almoço ao pai Bejamim Lopes à ponte
www.sardoalmemória.net,
D.Gaspar Barata de Mendonça