quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Rádios antigos a Válvulas na C.Mós-1950 a 1960

 

Rádios antigos a Válvulas na Cabeça das Mós, Sardoal, década de 1950

 
          

                                   Rádio Philips,  tipo 844XLO

 

É difícil de imaginar a magia de ouvir rádio nesta época! Quem viveu este tempo! ?

 

As pessoas juntavam-se onde havia rádios, e eram 4 locais;

-Taberna da Ti Luísa/Augusto Pimenta, hoje café da filha Eugénia, no largo da aldeia.

-Casa do Ti Camilo Milheriço, junta ao lagar de azeite, rua das Casas Crespas.

-Quinta de Sº António, professora Maria do Carmo/Manuel Alpahão, rua de S.António.

-Casa da Maria Guilhermina Bia e mais tarde do Alcoino, rua do Monte/rua da Fonte

 

Para ouvir com especial destaque, As Cerimónias de Fátima, Relatos de Futebol e as Notícias.

Vou passar ao rádio que teve muitos ouvintes, na taberna da Ti Luísa; logo de manhã ligava-se o rádio, e depois de fechar à noite, quando havia as cerimónias de Fátima,       a Ti Luísa levava o rádio para o 1ºandar e abria a janela para as pessoas ouvirem. Como novidade era também um chamariz para ir beber 1 copo, hoje seria 1 café.

                                Antiga Taberna da Ti Luísa, actual café da Eugénia, “Gena”

 

 Como eram alimentados os rádios, não havia ainda rede eléctrica na Cabeça das Mós

Confirmei que tinham uma bateria de 12v e um aerogerador/dinamo para carregar a bateria. Com o dinamo avariado ou falta de vento, levavam a bateria a Alferrarede para carregar.

A bateria ligava a um conversor de 12V continuos para 220v-50Hz, alternados.

Os rádios em geral tinham um selector das alimentações possíveis 110, 145, 200, 220 e 245V-50Hz.

          

                                                           Torre do aerogerador ou dinamo

 

Qual a faixa de frequência transmitida?

Era só a Onda Média  de ~700KHz a 1600KHz com modulação em amplitude=AM.

E havia várias faixas de frequência de Onda Curta entre 3-30MHz, de longas distâncias.

-Em 1935 nasceu a Emissora Nacional.

-Em 1936 começou a Rádio Renascênça.

-Depois apareceram outras estações de rádio.

-Destaco o aparecimento da Rádio Antena Livre de Abrantes em 1981 depois do 25 de Abril de 1974, que foi uma das primeiras. Em FM na Frequência de 89,7MHz.

Hoje só existe uma estação na faixa de OM.No final dos anos de 1950 é que apareceu a faixa de FM de 88 a 107MHz com modulação em frequência=FM e de melhor qualidade.

 Informação na tampa de trás do rádio


 

As válvulas usadas e as posições

EM4-o chamado olho mágico, para a sintonia fina da estação a ouvir.

ECH3-amplifica o sinal da antena e converte-o para uma Frequência Intermédia FI.

ECH4-amplifica a FI e faz a desmodulação do sinal para audio.

EBL1-amplificador de som de baixa frequência.

AZ1-duplo diodo para rectificar a corrente alternada em corrente continua.

 

                                 Marca: Philips, Type:844XLO,  e Alimentação 220V-50Hz

 

        Vista do interior do rádio, com sinais de muitos anos desligado. Ele foi adquirido ~1955

 

 Notas:

1-Um rádio antigo, pode ser e é um objecto bonito para decoração que se vê muito em restaurantes e cafés ou antigas tabernas e em casas particulares.

2-Hoje ainda se vai arranjando válvulas de stocks antigos na Internet e rádios antigos.

3-Sugestão a quem goste e queira adquirir um rádio antigo a funcionar, que adquira o rádio com faixa de FM=frequência modulada, onde se apanham as estações todas e com melhor qualidade de som. Porque só com a faixa de OM=onda média, com amplitude modulada=AM, só tem uma estação e julgo que não transmite nas 24H do dia.

4- O esquema eléctrico típico dos rádios, é de um receptor superheterodino.

5-Exemplo do esquema eléctrico das válvulas ECH3 e EBL1:


 

  

 

             Cabeça das Mós, móvel com o rádio de válvulas, integrado no mobiliário da sala de habitação.

 

Fontes, todas da C.Mós:                 

-Carlos Pires Coelho

-Eugénia do café

-António José

-Noémia Lopes

-Beatriz Lopes

                                                        


                                                                                                  

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Mapa de Portugal de 1931

 

                                           


Nos mapas antigos, temos presente informações como:

-a superfície e população por distrito

-produtos exportados

-produtos que precisamos importar

-serras e altitudes

 

Fonte:

Foi recuperado duma herança em Cabeça das Mós, Sardoal, por Carlos Alberto Pires Coelho.

Pertenceu ao avô materno Boaventura Milheriço.

 

 


            

sábado, 17 de julho de 2021

Colégio Militar Sargento Nunes_Perfeito e Alfaiate


Sargento Nunes, da tropa foi para o Colégio Militar, onde ficou de 1910 a 1968

 

Alfredo António Nunes, nasceu em JF Belém em 1889, casou em 1919 em S.Mamede , Lisboa, com Laura Mendes Nunes, e tiveram 3 filhos.

 

A história de vida em termos de viagens do pai da Vergínia/DªGina N1932, contada na 1ªpessoa, pela filha.

 “Era uma pessoa boa, civilizada e interessada por muitas coisas. Acho que era também alguém que sem ser rico, (no tempo em que ele - e todas as pessoas da classe média – eram pobres) conseguiu, com coragem, imaginação, e espíríto de sacrifício, concretizar alguns sonhos.

Quando eu nasci o meu pai tinha 44 anos. Tinha já perdido 2 filhos. Isto contribuiu para ser uma menina mimada. Apesar da óptima formação que ele tentou dar-me, tenho bastantes defeitos de filha única. No entanto sei que ele não foi o responsável.

            Voltando à vida dele ; adorava viajar. Então o que fez:

 A primeira foi em África. Havia a guerra com as forças do Gungunhana .  O meu pai estava a cumprir o serviço militar e ofereceu-se como voluntário. No entanto quando lá chegou a Moçambique, a guerra já tinha acabado. Parece a guerra do Solnado, não é?

Voltando às outras viagens o meu pai foi parar aos EUA. No dia em que teria de regressar fingiu que perdeu o barco, arranjando trabalho como alfaiate.

            O meu avô paterno era alfaiate e ensinou o oficício aos 3 filhos (o meu pai, um irmão e uma irmã).

            Para continuar nos Estados Unidos teria de se naturalizar. Ele não queria deixar de ser português, pelo que se veio embora. Na viagem de regresso escolheu um barco que veio por Vigo, o que lhe proporcionou conhecer uma cidade de Espanha.      

 Colégio Militar onde foi Sargento Perfeito e Alfaiate

Casa em Carnide na Azinhaga das Freiras 

 

Anos depois, já casado e com uma filha voltou aos EUA. Foi nessa altura que a minha irmanzinha morreu. A minha mãe disse-lhe que sem filha e sem marido não queria estar. Ele voltou então para Lisboa, não sem ter escolhido um barco que veio por Inglaterra.

            Algum tempo depois pensou ir a Pinhel (que não conhecia e era a terra da sua mãe). Como não tinha dinheiro resolveu ir de bicicleta. A meio do caminho começou a chover. Mais uma vez o ofício valeu-lhe. Ofereceu-se para trabalhar numa alfaiataria enquanto a chuva não parasse. Quando os dias de chuva passaram continou a viagem.

            Logo que chegou a Pinhel disse de quem era filho, pelo que lhe informaram vários familiares.

           Assim acabaram as aventuras. 

            Não gostaria de escrever mais porque tenho receio de enfadar quem teve o interesse em ler estas linhas, mas há uma coisa que define o carácter de meu pai. Vou tentar ser breve.

            Ele trabalhou muitos anos no Colégio Militar, onde obviamente conheceu muitos jovens que vieram a tornar-se pessoas importantes.

            Anos mais tarde soube que uma dessas pessoas era um almirante que iria ao Brasil entregar um barco. Pediu-lhe para o levar. O Senhor disse-lhe que sim, mas que voltariam de avião, pelo que o meu pai teria de regressar às suas custas. Embora a minha tia vivesse lá e, portanto, ele não precisaria de hotel, mas não tínhamos 6 mil escudos que era o preço duma viagem para Lisboa.

            Pouco tempo antes de morrer o meu pai disse que Deus tinha-lhe dado tudo o que ele desejava, menos deixá-lo ir ao Brasil.

Não sei se é desde essa ocasião, mas considero que a seguir à saúde a coisa mais importante da vida é o dinheiro.

            Peço desculpa mas soube-me bem relembrar uma pessoa tão importante na minha vida”.

                                                    

 Notas:

-O Sargento Nunes não sendo alfaiate no Colégio trazia fatos para acabar em casa, onde tinha ajudas da esposa e da Vizinha Aurora, tia do Rogério. Estamos nos anos 1944  a 1949 . O Rogério com 8anos ia sempre com a tia ao serão(trabalho nocturno) e a Gina emprestava-lhe livros de desenhos animados e aventura para lêr, como  “o cavaleiro andante”, “mosquito” e “tim-tim” e a revista que saía no jornal o século.

-A Esposa Laura, fazia mais trabalhos de alfaiataria e costura e quem ia entregar os trabalhos era o sargento Nunes, que punha mais algum dinheiro, ex se era 20$00 ficava em 25$00 e com os 5$00 fazia um mealheiro anual que era para as férias.

-A Gina foi trabalhar de secretária para os filmes Castelo Lopes, sendo uma pessoa muito culta, era sempre escolhida para escrever alguma carta ou ofício fora do comum. 

–José Pereira, quando a conheci melhor com cerca de 80anos andava a rever o que sabia de Alemão na JF de Carnide, ela gosta muito de línguas e de comunicar com o outro.

 Fontes:

-Vergínia / Gina, filha do Sargento Nunes

-Rogério Vicente, N1938 e mora na R.Neves Costa

-Eugénia, empregada da DªGina, que foi por mais de 30 anos, desde os anos 1980 e que trabalhou no Convento de SªTeresa de Carnide; agora lar onde está actualmente a DªGina.

-José Pereira autor do Blog

 


                                                                       


sábado, 3 de abril de 2021

Colégio Militar 1950, Cabo 20 ou Joaquim Alves

                                         O Cabo 20, 20 ou Joaquim Alves

      

 O “20” nasceu em Azenha de Tanoeiros, freguesia da Encarnação, Mafra em 14/12/1876, era trabalhador do campo. Chegou a idade e foi cumprir o serviço militar e em Abril de 1897, transitou para o Colégio Militar como ordenança do Director. Ia fazer 20anos e recebeu o nº20 no Colégio.

 

 
 

 

 

  Casa onde morou o Cabo 20 na Azinhaga das Freiras em Carnide, Lisboa

 O Joaquim gostava da tropa e foi pedindo para ficar nas fileiras. Aprendeu a ler e escrever. Breve chegou a cabo. Era um praça diligente e principiou a ganhar simpatias.

Tornando-se cada vez mais conhecido e popular entre alunos e professores.

Casou com uma senhora de Carnide a Jesuína, nasceu o 1º filho e com sacrifícios meteu-o nos Pupilos do Exército. Aquando da morte do “20” em 1950 o filho era já o capitão António Alves, teve mais 4 filhos.

 Apresentava-se no Colégio antes da alvorada e só saía já noite. Passando algum tempo foi destacado para telefonista do Colégio. Recebia pois muitos recados via telefone dos pais e avós que prontamente dava aos meninos, assim como encomendas que chegavam para os meninos.

 

    

   Certo dia, a mãe de um aluno deixou ao “20” um embrulho para entregar ao filho. Dois dias depois telefona a saber se o filho dissera alguma coisa, o “20” zeloso com era, informou “sim, minha senhora. O menino comeu e gostou muito da lembrança..”. Só que era um par de sapatos...  Outros episódios semelhantes se registaram, confirmando contudo a simpatia e carinho do velho “20” para com os meninos.

 Recebeu uma medalha de oiro de bom comportamento na presença de todo o corpo docente e do batalhão de alunos; isto aquando o General morais Sarmento foi director do Colégio Militar, não o envaideceu e até se comoveu com algumas lágrimas.

 Reformou-se quando fez 70 anos por atingir o limite de idade, sendo 50 anos de Colégio, coincidindo quase com a 1ªmetade do século XX. Viveu mais 4 anos e faleceu em 1950, tendo um funeral militar com a presença do sub-director tenente-coronel Vieira da Fonseca presente.

 

        Não resisto a deixar um excerto do jornal dos “ratas” do Colégio Militar.

 

 
Fotos de grupos de cursos do Colégio Militar. 

                        

 

Observações locais e históricas;

1-O Vicente e o “cabo 20”  eram baixos e muito respeitados. O Vicente lia muito e discursava bem, para os oficiais e o Cabo 20 era o apoio e conforto dos Meninos da Luz e fazia a ponte com a família deles.

2-As ex colónias mantiveram-se unidas em parte porque os oficiais superiores que lá estiveram eram todos colegas do Colégio Militar.

 

 

                                         Jardim da Luz ou Teixeira Rebelo, homenagem da CML em 1926.
                                                          

Fontes:

-Diário de Lisboa

-jornal do Colégio militar

-o Bisneto Alexandre do “Dom Pingas” na Rua do Pregoeiro.

-Registos Paroquiais, o registo do Baptismo está na Freguesia da Encarnação, Mafra.

-o Rogério Vicente, neto do Vicente/Pintassilgo que o conheceu bem

                                                                       


 

 

terça-feira, 30 de março de 2021

Colégio Militar_Vicente ou "Pintassilgo"

 

                        Vicente ou “Pintassilgo”

 

O “Pintassilgo” e o “Cabo 20” que abordarei próximamente neste Blog, eram como Icones de Carnide, sempre fardados e trabalharam durante cerca de 50 anos no ColégioMilitar, ~1900-1950.

 

 

Manuel Vicente era pastor na aldeia de Cimeira, Pampilhosa da Serra, onde nasceu a 7/10/1881. Foi fazer o serviço militar em 1901; por falta de respeito ao sargento do refeitório, levou 1 castigo de 10 dias preso, em Fevereiro 1903. Depois em 8/1/1905 foi colocado no Colégio Militar em Carnide; os oficiais gostavam dele e ensinaram-no a lêr e escrever e no espaço de 1 ano fez exame da 4ªclasse.

 

 

 

Nesse tempo e antes de ele saber lêr os irmão fizeram partilhas e vieram a Carnide para ele assinar pondo o dedo e deram-lhe 500$00, ele confiou, contudo os irmãos enganaram-no. O Vicente mostrou o documento aos oficiais e estes prontificaram-se a defendê-lo. Mas ele não quiz nada e também nunca mais foi à aldeia. Ainda assim foram os irmãos a precisar dele, chegaram a vir a Carnide pedir-lhe ajuda e dava-lhes de comer.

 

Era o prteiro do Colégio Militar, ao fim de alguns anos foi retirado da porta, porque era muito exigente e não deixava passar nada para fora, nem aos oficiais; o típico nesse tempo de miséria eram produtos de cozinha como azeite, etc. Ficou depois a apoiar os alunos com material escolar e outras necessidades.

O Vicente andava sempre fardado e com o bigode bem tratado, era muito comunicativo, e como lia muito , também estava bem documentado. Sendo com os oficiais muito hábil no vocabulário de respeito e etiqueta, como ex, “Saiba Vª Exª....” de tal modo tinha dom de palavra e aptidão, que na reunião superior dos militares em Queluz, aquando do 5 de Outubro de 1910, da proclamação da República, foi ele que foi falar em nome do Colégio Militar e a pedido dos oficiais.

 

Transporte usado no Colégio Militar até o 1ºquartel do século XX

 

 Pontos em comum do Vicente com o Cabo 20, eram baixos e andavam sempre fardados e com os capotes, este chegava-lhes aos pés (H=~1,57m). Ambos estiveram no Colégio Militar na 1ªmetade do século XX.

 Oficiais que frequentaram o Colégio nesse tempo e se distinguiram na vida Pública:

-Spínola

-o João Arantes

-Costa Gomes

 

Como era a reforma dos empregados do Colégio Militar, depois do tempo de tropa máximo, ficavam como funcionários de estado e pertenciam ao Ministério da Guerra. Sendo a idade média de reforma os 70anos, já não podendo ficar mais tempo.

 

Mesmo já reformado ia sempre ao Colégio Militar onde comia, e às vezes trazia o almoço, diz o neto Rogério Vicente que “o arroz cozido parecia massa vidraceira colada ao tacho”, e que o avô respondia ”não haver mais nada”. Eram tempos difíceis!.

O Vicente morou na R.da Fonte nº17 em Carnide e a renda era 1$00. Depois quando foi construída a  Vila Guimarães em 1920, foi morar lá, na casa BB, sendo a renda 2$50, maior e melhore casa. Faleceu em 1972 com 92 anos.


 Casou com Eliza Pinto nascida a 23/3/1890 em Carnide.  

 Altar mor da Capela do Colégio Militar-->.

 

 

 

Fontes:

-neto Rogério, morador na Rua Neves Costa, frente ao coreto

-Filho Jesué, mais novo, n1923, que ficou a viver na casa dos pais, conversas já com 92a.

-José Pereira do Blog, numa visita ao Colégio Militar em 2006

-Revista da Associação dos antigos alunos do Colégio Militar

 

                                             


             

                                              

domingo, 31 de janeiro de 2021

Palácio e Quinta de Santa´Anna de Carnide

 

                                                    Dr José Ferreira Santa´Anna

                                                 
                                                  Palácio na R.Fonte nº39 a nº57, Carnide, Lx

         
             O pai António Ferreira Santa´Anna era almocreve, vendia entre Portalegre e Abrantes; casou com Luíza Lopes em 1820 e instalaram-se numa quinta no Tojal em Mouriscas, Abrantes. Como era muito religioso e casou no dia de Santa´Anna, mãe de Nª Sª. Juntou ao nome o apelido Anta´Anna. Como bom pai, e tendo algumas posses, quis que os filhos estudassem, assim o mais novo José Ferreira Santa´Anna foi para Lisboa estudar para médico, no Hospital de S.José (escola de medicina).  Formou-se como médico de Geneocologia em 1877.

 O Dr José Santa´Anna em Lisboa casou com DªGertrudes Godinho de Carnide e com posses. Instalaram-se no Palácio da R.Fonte nº39 a nº57. Viajava nuito pela europa e trouxe grandes espelhos da Boémia e grandes jarrões para o salão do Palácio de Carnide, onde também tinha um oratório com a Santa´Anna. Aqui tinha uma Governanta Francelina e um empregado na quinta anexa. Este Palácio serviu de apoio a vários sobrinhos que vinham para Lisboa estudar; ainda em ~1947 a neta Teresa da governanta conheceu a Dª Helena neta do Dr José Santa´Anna, que trazia sempre o sobrinho Severino. A Dª Helena passava o inverno em Alvega e  o verão em Carnide onde o clima era mais ameno.

 

 “O Palácio de Santana de Carnide formado por um corpo principal em forma de L, com caracter erudito, esteticamente próximo das grandes residências pombalinas, mas a sua platibanda mostra intervenções posteriores, este tendo um maior número de proprietários ao longo dos anos. A antiga casa de habitação com jardim e capela no seu tardoz, datados do século XIX. Em 1865, esteve arrendada ao padre Raimundo dos Anjos Beirão, que neste sitio fez a instalação do Juvenil Instituto. Por volta de 1871 a quinta foi vendida, sendo melhorada e reformada por completo numa casa de habitação e construindo um jardim no tardoz”.

 O edifício nº39 a nº45 foi as cavalariças do Palácio e nos anos 1960 foram vendidas ao Antunes, que instalou uma mercearia e posteriormente passou a mercearia aos empregados. No ano ~2009 foi construído um condomínio privado, salvaguardando  o dragoeiro e o poço da Quinta.

 Depois nos anos 1960/70 foi emprestado o salão ao Padeiro de Carnide Fernando Lopes para ensaiar o grupo de teatro de Carnide e guardar as roupas das peças, e para ensaiar as marchas populares.

Também na quinta, aquando da Feira da Luz em Setembro; os feirantes de loiça que vinham de Mafra, guardavam aqui os animais por intermédio do Nanas.

 A seguir à padaria de Carnide começa o Palácio com as cavalariças do nº39 ao 45, o nº57 era a entrada do coche do Dr Santa´Anna e o nº55 a entrada do Palácio. O empregado da quinta nos anos 1960 trouxe a sobrinha Maria de Tondela e veio também o filho Telmo que instalou uma oficina de pintura de carros na quinta atrás.

 Também tinha em Carnide a quinta do Paraíso, onde hoje se situa o Parque Tecnológico de Lisboa, esta era alugada para sementeiras de cereal. Havia ainda a quinta das Camareiras de Baixo o o filho do Dr Santana com o mesmo nome e formado em Agronomia ia receber as rendas anualmente, e ficava admirado com as técnicas de plantar e de regar, e costumava dizer: eu tenho a teoria mas voês é que tem a prática”.

 


O Dr José Santa´Anna viveu em Carnide e aquando do falecimento da esposa em 1897 viveu também em Alvega, onde construiu ai uma casa acastelada próximo da Igreja.

 

Palácio acastelado ao lado da Igreja de Alvega com    nicho na esquina com a Santa´Anna.         

O José era muito amigo do irmão Padre Severino Ferreira Santa´Anna que era pároco em Alvega. Sendo o Padre Severino muito querido dos fiéis, até porque além de excelente orador, era amigo e mesmo chegava a ajudar para a compra de medicamentos e outras necessidades. Quando faleceu em 1903, deixou a herança ao irmão Dr José Ferreira Santa´Anna.

                                                        Padre Severino Ferreira Santa´Anna      

Este palácio de Alvega foi a residência principal do dr José Ferreira Santa´Anna depois de viúvo até à sua morte em 1925.

 Resumindo: O Dr José Ferreira Santa´Anna nascido em Mouriscas, a 4/4/1845 e falecido em 1925. foi médico geneocologista e pessoa muito culta, viajou muito pela europa. Ajudou na terra de origem Mouriscas, sendo considerado ao tempo a pessoa mais culta de Mouriscas, ajudou muitos sobrinhos que vieram estudar para Lisboa e suponho ter ajudado o irmão padre. Tinha um ponto comum nas suas habitações que era a parte acastelada, desde que resido na Freguesia de Carnide desde 1962 sempre achei curioso as ameias e posteriormente conheci a casa acastelada de Alvega, Abrantes.

        Sem dúvida uma personagem que passou fazendo o bem.

  

 Fontes:

- Internet, These Inaugural  sobre Phlegasias do Utero em geral e Metrite puerperal, apresentada em Novembro de 1877 e defendida pelo aluno José Ferreira Santa´Anna. These dedicada à sogra.

                              Typografia Editora de Mattos Moreira Cª, Lx 1877.

- Internet, Mouriscas-terras e gentes.

-abordagem de estudo “  “na Internet.

-Registos Paroquiais das Freguesias de Carnide, Mouriscas, Alvega, Portalegre.

-"Nanas" da Travessa do Pregoeiro.                                                                 

-Rogério Vicente, o tio explorava a Quinta das Camareiras de Baixo.

-Teresa, neta da Francelina que foi governanta no Palácio de Carnide.

-Palmira (enfermeira) que esteve ligada ao teatro e às marchas populares de Carnide.