quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Aniz Dómuz

 

Aniz Dómuz, Elementos para a história

            Tem origem em dois nomes, o Domingos e o Munhõz, sendo estes os sócios fundadores, juntando os dois nomes formou-se o nome do aniz “DÓ+MUZ”. Onde o Munhõz era o químico; e o Domingos Serra o financiador. Iníciaram o fabrico em 1932.


             Fotografias do Boletim do Alentejo

            À posterior e já depois do sucesso que o Aniz Dómuz estava a ter no País, entraram mais sócios na sociedade, ficando esta constituída por:

- Pimenta, gerente da Pousada Santa Luzia de Elvas.

-Brás, cocho, de Elvas onde tinha um Banco nas arcadas, depois vendeu ao Banco BNU.

-Cochinhas, foi o distribuidor do aniz em Elvas e também Lisboa para o resto do País.

E os iniciadores do Aniz Dómuz:

-Domingos Serra, do Monte Castro, era um agricultor bem sucedido em Campo Maior.

-Vitorino Munhõz, dono duma farmácia em C.Maior, fazendo ele os remédios.

 

     

            Nestes elementos para a história do Aniz Dómuz o dia a dia na Fábrica, sita na R.13 Dezembro, considerando os anos finais 1940 e até inícios dos anos 1970.


Fotografia dos anos 1960/70

De pé e E->D  Maria Conceição, Cândida Muacho, Maria Isabel, Catarina Muacho

Em baixo e E->D Luísa Muacho, Ana Pires, Luísa Rabiais-filha da 1ª da fila, Elizabete

Primeiro fazia-se o xarope ou açúcar caramelizado. Havia uma caldeira por cima da fornalha, que se enchia com água destilada e açúcar (sacos de 50Kg) consoante a encomenda mexendo sempre (com a fornalha acesa), até chegar ao ponto de açúcar caramelizado, depois passava-se para bilhas de chapa de 15l e por fim para os  5 depósitos; cada um tinha uma letra  da palavra DÓMUZ. Aí juntava-se álcool etílico, água destilada, e as essências feitas pelo Munhõz, mexendo sempre. O Munhôz no fim, provava o aniz, via a cor e corrigia, dando o OK.

Fabricava-se 3 tipos de aniz: seco, doce e mel de damas. Ainda o Vermute e a Ginginha estes em pequena quantidade para ofertar no Natal aos sócios.

 Na fábrica havia também uma carpintaria onde se montavam as caixas de madeira (já cortada) para 12 garrafas cada.

Embalamento era feito por mulheres , que enchiam as garrafas em grupos de 8 com uma máquina, as fechavam com outra máquina, colocavam etiquetas e metiam nas caixas com palha (reaproveitada das garrafas vindas da Marinha Grande) para a expedição.

Transporte para venda, era contratado ao Sr António que tinha uma carroça puxada por uma mula, levava as garrafas para a estação da CP Elvas e  para a loja de Elvas e trazia os ingredientes que chegavam de comboio, como sacos de açúcar 50kg, álcool etílico de Torres Novas, garrafas da Marinha Grande.

Uma história merecedora de registo, o animal  que puxava a carroça já fazia o trajecto de forma automática e uma vez no caminho para Elvas, o Sr António parou a carroça para beber uns copos a convite dos cantoneiros na estrada de Elvas, adormeceu e estes viraram a carroça para Campo Maior, logo o animal seguiu  e quando chegou à fábrica, as mulheres admiradas de tão pouco tempo foram ver a mercadoria e ainda estava na carroça!

Para encomendas grandes, era contratada a  empresa de camionetas Vasco Painho, e os empregados até “brigavam” para ir fazer o frete porque era oferecido sempre um copito de aniz Dómuz ao condutor.

Condições de trabalho boas, higiene e segurança, à época nos anos 40/50 do século xx; tinham espaços definidos como depósito de água (antes de chegar a água da rede), wc, balneários, sala do Munhõz onde este fazia a essência( segredo bem guardado), sala de carpintaria, porta larga associada às cargas e descargas e armazém, espaço de embalamento, e o espaço da destilaria para obter água destilada. Em 2017 já desactivada ainda mantinha este “layout”.

Havia miúdos que iam por lá como o filho da Catarina(encarregada) o Manuel “pepino”, e o amigo Manuel Meira nascidos nos anos 40 e que hoje já perto dos 80anos ainda tem memória destas vivências. Iam pedir uma garrafinha pequena das ofertas aos clientes e como já sabiam contar; ajudavam a contar as bilhas de 15l com que as mulheres enchiam os depósitos com os vários ingredientes, até porque algumas mulheres não tinham ido à escola primária.

A fábrica do Aniz Dómuz, foi vendida,  1ºao Conde da Torre-Domingos Serra, por dívidas, em 1966, e este  ao Nabeiro em 1968, ficando ainda a funcionar nas mesmas instalações, mais tarde é que foi para instalações anexas ao Café Camelo em 1974. Onde se fabrica mais 2 tipos de aniz, licor de café e amêndoa amarga e recentemente em 2018 deixou de fabricar o aniz Dómuz seco porque saía pouco. O fabrico ainda é manual.

 







 

Fontes:

Manuel Carreira “pepino” n1947 filho da DªCatarina

Manuel Augusto Meira n1949, morava em frente à Fábrica

Manuel Soeirinho n1954

António Paio “Mato-rato” n1952

José Manuel Gama

João Porto

Casa do Alentejo em Lisboa, Biblioteca.

                                   






sábado, 14 de outubro de 2023

Banco de Idosos na Aldeia Cabeça das Mós, Sardoal

 

Banco dos idosos, todos com bengala e boina, excepto um com chapéu      

 

Foto de 1982 num banco frente à taberna -Ti Luísa viúva, aldeia Cabeça das Mós, Sardoal



 1-Abílio Machado ou “Ti Pataca”– morou no Monte e veio para Lisboa.

 

2-Higino Ambrósio morou na rua do Colmeal, divorciou-se da mulher.

 

3-Albino Custódio – foi hortelão, vivendo da horta e morou na rua do Colmeal. Pai do Jerónimo Custódio que foi pedreiro e encarregado e veio para a região de Lisboa, e avô do Carlos Custódio.

 

4-Evaristo Baptista  - morou na rua do monte, veio novo para Lisboa e supostamente trabalhou na Carris, mais tarde construiu uma casa nas Casas Crespas..

 

5-Guilherme Dias – morou no Monte, veio novo para Lisboa e foi carpinteiro, mais tarde foi sub-empreiteiro de cofragens e ainda trabalhou para a Edifer. Avô materno do Arraias, ligado à construção.

 

6-Diamantino Marçal – foi carpinteiro, morou perto da fonte do Colmeal e ao pé da menina Rosa, rua 25 Abril no alto à direita.

 

Fontes:

Luís Carapuço

Carlos Falcão – fotografia de ~1982, há 41anos.

Carlos Alberto Pires Coelho

-José Lopes

 


domingo, 12 de fevereiro de 2023

Poeta António Felizardo 8

 

            Poeta Repentista António Felizardo 8


Marianita se és baixinha

Roja a saia pela lama

Tenho-te dito mil vezes

Levanta a saia mariana

 

Levanta a saia Mariana

Levanta a saia Santinha

Tenho-te dito mil vezes

Marianita já és minha

 

Marianita já és minha

Já te não dou a ninguém

Emprestada também não

Que isto não parece bem

 

Não quero que vás à monda

Não quero que vás mondar

Só quero que me acompanhes

No dia que me casar

 

No dia em que me casar

Hás-de ser minha madrinha

Não quero que vás à monda

Nem à ribeira sózinha

 

Quando era pequenino

Acabado de nascer

Ainda mal abria os olhos

Já chorava para te ver

 

Se queres que eu seja teu

Manda ladrilhar o mar

Depois do mar ladrilhado

Serei teu se calhar

 

O comboio da Beira Baixa

Tem 24 janelas

Mais acima, mais abaixo

Meu amor vai numa delas

 

Algum dia eu era

E agora já não

Da tua roseira

O melhor botão

 

Ó meu amor quem te disse

Que eu dormindo suspirava

Quem te disse não mentiu

Que eu alguns suspiros dava

 

Os alegres passarinhos

Já têm novo cantar

Aprenderam só de ouvir

Sem ninguém os ensinar