sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Manuel Correia Falcão, mecânico de material aéreo


            Manuel Correia Falcão, n1934 na C.Mós
            Mecânico de material aéreo, nos anos iníciais da Força Aérea Portuguesa

Fez a inspecção para a tropa em 1954, como qualquer jovem daquela época;  no fim desta, o Sargento perguntou, se alguém queria ingressar na Força Aérea podia meter os papéis para mecânico, e insistiu precisando:
 quem estivesse interessado em ir para mecânico de material aéreo,  só precisava que já tivesse trabalhado em serralharia ou com ferreiros

           
            O Manuel Falcão, tomou a decisão de SIM !   O pai era Ferreiro na C.Mós, Sardoal e ele trabalhava com ele. Por isso já tinha alguma prática.
Esta foi uma aposta de vida sem medo do desconhecido e pronto para aprender; sempre com muita formação e uma abertura para um mundo para além da aldeia de Cabeça das Mós.


 

Em 1954 foi colocado na BA1-Sintra e em 1955(Base criada em 1939) fez o Curso de mecânico de material de avião durante 1 ano (curso de avião). Era um avião Inglês o “Chipmunq”, foi o 1ºavião de treino dos pilotos em 1952, um mono-motor de cilindros invertidos. O chipmunk ainda voa em 2018 na Força Aérea.

No fim de 1955 foi colocado na BA3 em Tancos, a trabalhar como mecânico de material de avião até 1965. Em 1956 mudaram o nome para mecânico de material aéreo.
Em Tancos trabalhou no Junker de origem Alemã, trimotor de alcunha “canguru” por ser parecido com o mesmo. Avião de transporte de carga e lançamento de pára-quedistas, onde Hitler terá voado.


1965-foi para a Guiné na 1ªcomissão, BA12-Bissalanca onde ficou até 1967.
Trabalhou no Dornier DO-27 com motor Americano de 6 cilindros horizontais e a estrutura (carcaça) era Alemã, era um avião de transporte de carga e pessoal entre os quartéis.
Também fazia manutenção de aviões Cub. Este era um avião de treino pequeno, com 4 cilindros e hélice fixa.
 Avião DO-27



1967-foi para Monte Real 1 ano, base criada para aviões de jacto. Trabalhou em aviões T33-F86-F16 Americanos e jactos Fiat.

Aviões a jacto, em cima T33, ao meioF86 e em baixo F-16

De 1968 a 1984 voltou a trabalhar na base de Tancos.
Nestas datas ainda fez uma 2ªcomissão  na Guiné de 1971-1973 com aviões Noratlas, era um avião trânsatlantico que levantava 21toneladas, peso da carga e do avião.

Em 1973 fez parte da equipa que foi buscar a Espanha, Sevilha 20 aviões Aviocar, tipo casa 212, o motor era feito em Fénix nos EUA. Em Sevilha era feita a montagem e pós-venda.
Avião turbo-hélice, para lançamento de 22 para-quedistas com os seus equipamentos. Também era usado no transporte de feridos. Estes aviões já não foram para as ex-colónias. Em Tancos foram vistos os problemas e partiram-se 2 aviões nas aterragens,
            1º na aproximação à pista de Alverca.
            2º na aproximação à pista do Pico nos Açores.
O erro foi igual, na aproximação não por falta de visibilidade mas por instrumentos que se partiram nos 2 aviões.

Quando passou à RESERVA /Reforma era Sargento Ajudante. Faz agora com gosto o que aprendeu em criança; agricultura, onde destaco o vinho( como uma boa pinga que já provei) e o mel, pois ainda resiste como apicultor; o que é difícil devido às actuais doenças nas abelhas e a abelha asiática que já apareceu no concelho de Sardoal, devorando e atacando as nossas abelhas.

Fontes:
-Manuel Correia Falcão, “Nélito” o próprio com 84anos.
-José Pimenta Lopes, vizinho e amigo da C.Mós.
-José Pereira, estava em Alverca nas OGMA em 1972/3, aquando da Guiné e os Aviocar. Estive na área de Electrónica de Terra onde se reparavam os equipamentos de telecomunicações dos teatros de guerra das colónias portuguesas e dávamos apoio às manobras da Nato.

                        

-Júlio Santos, n1940 na Venda Nova, foi também mecânico de material aéreo, esteve
com o Manuel Falcão na Guiné, era especializado em aviões a jacto.