O Cabo 20, 20 ou Joaquim Alves
O “20” nasceu em Azenha de Tanoeiros, freguesia da Encarnação, Mafra em 14/12/1876, era trabalhador do campo. Chegou a idade e foi cumprir o serviço militar e em Abril de 1897, transitou para o Colégio Militar como ordenança do Director. Ia fazer 20anos e recebeu o nº20 no Colégio.
Casa onde morou o Cabo 20 na Azinhaga das Freiras em Carnide, Lisboa
O Joaquim gostava da tropa e foi pedindo para ficar nas fileiras. Aprendeu a ler e escrever. Breve chegou a cabo. Era um praça diligente e principiou a ganhar simpatias.
Tornando-se cada vez mais conhecido e popular entre alunos e professores.
Casou com uma senhora de Carnide a Jesuína, nasceu o 1º filho e com sacrifícios meteu-o nos Pupilos do Exército. Aquando da morte do “20” em 1950 o filho era já o capitão António Alves, teve mais 4 filhos.
Apresentava-se no Colégio antes da alvorada e só saía já noite. Passando algum tempo foi destacado para telefonista do Colégio. Recebia pois muitos recados via telefone dos pais e avós que prontamente dava aos meninos, assim como encomendas que chegavam para os meninos.
Certo dia, a mãe de um aluno deixou ao “20” um embrulho para entregar ao filho. Dois dias depois telefona a saber se o filho dissera alguma coisa, o “20” zeloso com era, informou “sim, minha senhora. O menino comeu e gostou muito da lembrança..”. Só que era um par de sapatos... Outros episódios semelhantes se registaram, confirmando contudo a simpatia e carinho do velho “20” para com os meninos.
Recebeu uma medalha de oiro de bom comportamento na presença de todo o corpo docente e do batalhão de alunos; isto aquando o General morais Sarmento foi director do Colégio Militar, não o envaideceu e até se comoveu com algumas lágrimas.
Reformou-se quando fez 70 anos por atingir o limite de idade, sendo 50 anos de Colégio, coincidindo quase com a 1ªmetade do século XX. Viveu mais 4 anos e faleceu em 1950, tendo um funeral militar com a presença do sub-director tenente-coronel Vieira da Fonseca presente.
Não resisto a deixar um excerto do jornal dos “ratas” do Colégio Militar.
Fotos de grupos de cursos do
Colégio Militar.
Observações locais e históricas;
1-O Vicente e o “cabo 20” eram baixos e muito respeitados. O Vicente lia muito e discursava bem, para os oficiais e o Cabo 20 era o apoio e conforto dos Meninos da Luz e fazia a ponte com a família deles.
2-As ex colónias mantiveram-se unidas em parte porque os oficiais superiores que lá estiveram eram todos colegas do Colégio Militar.
Jardim da Luz ou Teixeira Rebelo, homenagem da CML em 1926.
Fontes:
-Diário de Lisboa
-jornal do Colégio militar
-o Bisneto Alexandre do “Dom Pingas” na Rua do Pregoeiro.
-Registos Paroquiais, o registo do Baptismo está na Freguesia da Encarnação, Mafra.
-o Rogério Vicente, neto do Vicente/Pintassilgo que o conheceu bem