domingo, 7 de agosto de 2022

Agricultor e criador de gado bravo, patrão Francisco da Silva Vitorino

 

            Patrão Francisco e depois o filho patrão Manuel

Grande agricultor e empregador em Carnide e Herdade de Figueiras e depois nas Latadas. 

                                   
                                               

 Nascido na Malveira, criou com o primo Pedro Cristino Canas, em 1890 “A Criação de Gado Bravo” na Herdade de Figueiras, Monte Pelados, perto de Canha, Ribatejo; quinta alugada à Companhia das Lezírias. A Herdade é atravessada pela ribeira do Lavre onde os animais iam beber água.

Também criava gado manso, vacas, bois, ovelhas e porco preto. Durante os meses de Dezembro a Junho, a vacada pastava nos prados de erva das lezírias de Vila Franca.  

               Francisco da Silva Vitorino levou a sua ganadaria brava com muito acerto e equilibrio (.....) D.Carlos gostava muito de conversar com Francisco da Silva Vitorino, cujas opiniões aceitava, e algumas vezes o dito lavrador se encontrou no amistoso convívio do soberano e de criadores famosos como Mota Gaspar, Vitorino Frois, José Palba Blanco, etc. Número especial da revista Vida Ribatejana de 1955.

Chegou ainda a ir à caça com o rei D.Carlos I a partir de Carnide, onde se encontravam.


 

 

 

O gado era conduzido pelos caminhos desde o Monte Pelados e pela estrada de Pegões até V-F.Xira, fazendo a travessia em cima de pranchas puxadas pelos barcos “gasolinas”, continuando a pé para Lisboa. A ponte de V.F.Xira foi inaugurada em 30/12/1951.

Criava touros bravos de morte para fornecer a nível nacional. Em 1941 tranferiu-se para a Herdade contigua de Latadas, com a casa nas Latadas do meio.

 

 

 

                 Já nos anos 1960 com o patrão Manuel, os caseiros na Herdade, eram o Januário e a Joaquina. Daqui saíam touros bravos, em camionetas altas para as Praças de Touros.

 


 Em Carnide, o patrão Francisco comprou uma casa parcialmente forrada a azuleijo com jardim, na R.Norte que tinha sido pertença do Pároco de Carnide antes dos Franciscanos(antes de 1939).

 


 
 Alugou a Quinta Grande do Conde de Carnide, que vai deste Palácio até à Quinta da Granja já em Benfica que era dos primos Canas. Onde passou a criar vacas leiteiras, sendo a vacaria anexa ao Palácio da Quinta do Conde. Tinha uma vaca especial chamada Ama, o leite dela era para os bebés, e a cama das vacas era só de areia por causa dos mamilos.

Aqui criava os produtos hortícolas para casa e para venda na praça.

Herdou a Quinta da Penteeira (actual BºPe Cruz) e os terrenos de Alfornelos até ao Passa-Fome, onde semeava anualmente cereais de sequeiro, como o trigo e o centeio. Os animais para a lavoura vinham  de Vila Franca de Xira e eram conduzidos a pé toda a noite.

Soube em Carnide, R.Neves Costa, que havia pais que amedrontavam os filhos com o barulho da passagem dos animais de madrugada nesta Rua e Rua da Fonte; foi o caso da DªLuísa da R.Mestra, nascida em 1929.

  Vacaria, contigua ao Palácio do Conde de Carnide. tem 2 janelas em cima era onde entravam os fardos de palha

 

Empregados; João das Pampas, que veio da Malveira, trabalhava na quinta alugada ao Conde e tinha uma carroça para acarretar água do Chafariz de Carnide, com 6 pipas de 20L para consumo da casa na R.Norte. Tinha um hábito curioso, guardava o tabaco de onça no barrete (tipo ribatejano), que trazia sempre na cabeça, o tabaco era só mastigado.

DªÂngela, cuja tia casou com o filho do João das Pampas e morou também na mesma casa quando casou, lembra-se ainda do cheiro do leite fresco que ia buscar à vacaria da Quinta do Conde de Carnide.

O patrão Francisco pelos anos 1930/40 já velho, tinha uns plainetes no calçado e sentava-se na entrada ao lado da vacaria na porta larga, numa pia em pedra, onde combinava  os trabalhos.

 

As Lavadeiras, iam buscar roupa à R.Norte para lavar; era dar roupa ao rol.

A oficina de carroças com o ferreiro Eugénio Vicente, no início da rua do Norte, quis comprar a oficina e teve a oportunidade dum empréstimo de 30.000$00 escudos do patrão Francisco, sendo pago em trabalhos de ferreiro para as Quintas do dito.

 

Aquando do funeral do patrão Francisco em 1944, saíu de Carnide pela Azinhaga do Poço do Chão para o cemitério de Benfica, quando a charrete estava já a chegar ao cemitério ainda havia pessoas a saír de Carnide.

Foi sem dúvida um grande empregador em Carnide e pessoa muito estimada.

 

 

Fontes:

Margarida Regina-neta do patrão Francisco

Rogério Vicente-ferreiro com o pai Eugénio Vicente

Manuel Lemos-jardineiro R.Norte, Carnide

Maria Ângela –Modista da da Família e fez também o vestido de noiva da Margarida

Livro: História de 3 famílias Saloias editado pela C.M.Mafra

Blog –restos de colecção, ponte de V.V.Xira

 

7/8/2022


 


Poeta António Felizardo 7

 

                                            Poeta repentista de Odemira, António Felizardo 7

              


      
 

És uma rosa encarnada

Lá no meio das mais mulheres

Vou-te falar em namoro

Diz-me lá se acaso queres

 

A rosa é uma linda flor,

Que antes de ser

Rosa foi botão.

Se te apaixonares um dia

Lembra-te do meu coração

 

Menina sem aliança

Vá na rusga prevenida

Que às vezes um par de dança

Não é para toda à vida

 

Dá-me uma pinguinha de água

Quero molhar a garganta

Quero cantar como a rola

Como a rola ninguém canta

 

Dá-me uma pinguinha de água

Dessa que eu oiço correr

Entre silvas e  montrastes

Alguma pinga há-de haver

Resposta:       

Anda cá se queres água

Os meus olhos te darão

É pouca mas é clara

Nascida do coração

 

 Está uma roda parada

À espera de haver quem cante

Pois agora canto eu

Siga a roda vá avante

 

Camioneta de carreira

Espera aí que eu também vou

Levo as cartinhas de amor

Só a minha cá ficou

 

Cada vez que eu vejo vir

Carros à meia ladeira

Lembra-me as moças da Cuba

Pouca parra muita uva

E o vinho da Vidigueira

 

O grilo canta no campo

O passarinho na gaiola

E eu  no entanto

Tento ganhar a camisola

 

O rouxinol fez o ninho

À beira do meu telhado

P´ra aprender coitadinho

Commigo a cantar o fado

 

A folha do salgueiro

É primeira novidade

Tudo requer o que é seu

Tudo requer a idade

 

Há ondas meu bem, há ondas

Há ondas sem ser no mar

Há ondas no teu cabelo

Há ondas no teu olhar

 

03/08/2022