Poeta repentista de Odemira, António Felizardo 7
És uma rosa encarnada
Lá no meio das mais mulheres
Vou-te falar em namoro
Diz-me lá se acaso queres
A rosa é uma linda flor,
Que antes de ser
Rosa foi botão.
Se te apaixonares um dia
Lembra-te do meu coração
Menina sem aliança
Vá na rusga prevenida
Que às vezes um par de dança
Não é para toda à vida
Dá-me uma pinguinha de água
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta
Dá-me uma pinguinha de água
Dessa que eu oiço correr
Entre silvas e montrastes
Alguma pinga há-de haver
Resposta:
Anda cá se queres água
Os meus olhos te darão
É pouca mas é clara
Nascida do coração
Está uma roda parada
À espera de haver quem cante
Pois agora canto eu
Siga a roda vá avante
Camioneta de carreira
Espera aí que eu também vou
Levo as cartinhas de amor
Só a minha cá ficou
Cada vez que eu vejo vir
Carros à meia ladeira
Lembra-me as moças da Cuba
Pouca parra muita uva
E o vinho da Vidigueira
O grilo canta no campo
O passarinho na gaiola
E eu no entanto
Tento ganhar a camisola
O rouxinol fez o ninho
À beira do meu telhado
P´ra aprender coitadinho
Commigo a cantar o fado
A folha do salgueiro
É primeira novidade
Tudo requer o que é seu
Tudo requer a idade
Há ondas meu bem, há ondas
Há ondas sem ser no mar
Há ondas no teu cabelo
Há ondas no teu olhar
03/08/2022
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