terça-feira, 30 de março de 2021

Colégio Militar_Vicente ou "Pintassilgo"

 

                        Vicente ou “Pintassilgo”

 

O “Pintassilgo” e o “Cabo 20” que abordarei próximamente neste Blog, eram como Icones de Carnide, sempre fardados e trabalharam durante cerca de 50 anos no ColégioMilitar, ~1900-1950.

 

 

Manuel Vicente era pastor na aldeia de Cimeira, Pampilhosa da Serra, onde nasceu a 7/10/1881. Foi fazer o serviço militar em 1901; por falta de respeito ao sargento do refeitório, levou 1 castigo de 10 dias preso, em Fevereiro 1903. Depois em 8/1/1905 foi colocado no Colégio Militar em Carnide; os oficiais gostavam dele e ensinaram-no a lêr e escrever e no espaço de 1 ano fez exame da 4ªclasse.

 

 

 

Nesse tempo e antes de ele saber lêr os irmão fizeram partilhas e vieram a Carnide para ele assinar pondo o dedo e deram-lhe 500$00, ele confiou, contudo os irmãos enganaram-no. O Vicente mostrou o documento aos oficiais e estes prontificaram-se a defendê-lo. Mas ele não quiz nada e também nunca mais foi à aldeia. Ainda assim foram os irmãos a precisar dele, chegaram a vir a Carnide pedir-lhe ajuda e dava-lhes de comer.

 

Era o prteiro do Colégio Militar, ao fim de alguns anos foi retirado da porta, porque era muito exigente e não deixava passar nada para fora, nem aos oficiais; o típico nesse tempo de miséria eram produtos de cozinha como azeite, etc. Ficou depois a apoiar os alunos com material escolar e outras necessidades.

O Vicente andava sempre fardado e com o bigode bem tratado, era muito comunicativo, e como lia muito , também estava bem documentado. Sendo com os oficiais muito hábil no vocabulário de respeito e etiqueta, como ex, “Saiba Vª Exª....” de tal modo tinha dom de palavra e aptidão, que na reunião superior dos militares em Queluz, aquando do 5 de Outubro de 1910, da proclamação da República, foi ele que foi falar em nome do Colégio Militar e a pedido dos oficiais.

 

Transporte usado no Colégio Militar até o 1ºquartel do século XX

 

 Pontos em comum do Vicente com o Cabo 20, eram baixos e andavam sempre fardados e com os capotes, este chegava-lhes aos pés (H=~1,57m). Ambos estiveram no Colégio Militar na 1ªmetade do século XX.

 Oficiais que frequentaram o Colégio nesse tempo e se distinguiram na vida Pública:

-Spínola

-o João Arantes

-Costa Gomes

 

Como era a reforma dos empregados do Colégio Militar, depois do tempo de tropa máximo, ficavam como funcionários de estado e pertenciam ao Ministério da Guerra. Sendo a idade média de reforma os 70anos, já não podendo ficar mais tempo.

 

Mesmo já reformado ia sempre ao Colégio Militar onde comia, e às vezes trazia o almoço, diz o neto Rogério Vicente que “o arroz cozido parecia massa vidraceira colada ao tacho”, e que o avô respondia ”não haver mais nada”. Eram tempos difíceis!.

O Vicente morou na R.da Fonte nº17 em Carnide e a renda era 1$00. Depois quando foi construída a  Vila Guimarães em 1920, foi morar lá, na casa BB, sendo a renda 2$50, maior e melhore casa. Faleceu em 1972 com 92 anos.


 Casou com Eliza Pinto nascida a 23/3/1890 em Carnide.  

 Altar mor da Capela do Colégio Militar-->.

 

 

 

Fontes:

-neto Rogério, morador na Rua Neves Costa, frente ao coreto

-Filho Jesué, mais novo, n1923, que ficou a viver na casa dos pais, conversas já com 92a.

-José Pereira do Blog, numa visita ao Colégio Militar em 2006

-Revista da Associação dos antigos alunos do Colégio Militar