Aniz Dómuz, Elementos para a história
Tem origem em dois nomes, o Domingos
e o Munhõz, sendo estes os sócios fundadores, juntando os dois nomes formou-se
o nome do aniz “DÓ+MUZ”. Onde o Munhõz era o químico; e o Domingos
Serra o financiador. Iníciaram o fabrico em 1932.
À posterior e já depois do sucesso
que o Aniz Dómuz estava a ter no País, entraram mais sócios na sociedade,
ficando esta constituída por:
- Pimenta,
gerente da Pousada Santa Luzia de Elvas.
-Brás,
cocho, de Elvas onde tinha um Banco nas arcadas, depois vendeu ao Banco BNU.
-Cochinhas,
foi o distribuidor do aniz em Elvas e também Lisboa para o resto do País.
E os
iniciadores do Aniz Dómuz:
-Domingos
Serra, do Monte Castro, era um agricultor bem sucedido em Campo Maior.
-Vitorino Munhõz,
dono duma farmácia em C.Maior, fazendo ele os remédios.
Nestes elementos para a história do Aniz Dómuz o dia a dia na Fábrica, sita
na R.13 Dezembro, considerando os anos finais 1940 e até inícios dos anos 1970.
Fotografia dos anos 1960/70
De pé e
E->D Maria Conceição, Cândida Muacho,
Maria Isabel, Catarina Muacho
Em baixo e
E->D Luísa Muacho, Ana Pires, Luísa Rabiais-filha da 1ª da fila, Elizabete
Primeiro fazia-se o xarope ou açúcar caramelizado. Havia uma
caldeira por cima da fornalha, que se enchia com água destilada e açúcar (sacos
de 50Kg) consoante a encomenda mexendo sempre (com a fornalha acesa), até
chegar ao ponto de açúcar caramelizado, depois passava-se para bilhas de chapa
de 15l e por fim para os 5 depósitos;
cada um tinha uma letra da palavra DÓMUZ. Aí juntava-se álcool etílico, água
destilada, e as essências feitas pelo Munhõz, mexendo sempre. O Munhôz no fim,
provava o aniz, via a cor e corrigia, dando o OK.
Fabricava-se 3 tipos de aniz: seco, doce e mel de damas. Ainda o
Vermute e a Ginginha estes em pequena quantidade para ofertar no Natal aos
sócios.
Na fábrica havia também uma carpintaria onde se montavam as caixas de madeira (já cortada) para 12 garrafas cada.
Embalamento
era feito por mulheres , que enchiam as garrafas em grupos de 8 com uma
máquina, as fechavam com outra máquina, colocavam etiquetas e metiam nas caixas
com palha (reaproveitada das garrafas vindas da Marinha Grande) para a
expedição.
Transporte para venda, era contratado ao Sr António que
tinha uma carroça puxada por uma mula, levava as garrafas para a estação da CP Elvas
e para a loja de Elvas e trazia os
ingredientes que chegavam de comboio, como sacos de açúcar 50kg, álcool etílico
de Torres Novas, garrafas da Marinha Grande.
Uma história
merecedora de registo, o animal que
puxava a carroça já fazia o trajecto de forma automática e uma vez no caminho
para Elvas, o Sr António parou a carroça para beber uns copos a convite dos
cantoneiros na estrada de Elvas, adormeceu e estes viraram a carroça para Campo
Maior, logo o animal seguiu e quando
chegou à fábrica, as mulheres admiradas de tão pouco tempo foram ver a mercadoria
e ainda estava na carroça!
Para encomendas grandes, era contratada a empresa de camionetas Vasco Painho, e os
empregados até “brigavam” para ir fazer o frete porque era oferecido sempre um
copito de aniz Dómuz ao condutor.
Condições de trabalho boas, higiene e segurança, à época nos
anos 40/50 do século xx; tinham espaços definidos como depósito de água (antes
de chegar a água da rede), wc, balneários, sala do Munhõz onde este fazia a
essência( segredo bem guardado),
sala de carpintaria, porta larga associada às cargas e descargas e armazém, espaço
de embalamento, e o espaço da destilaria para obter água destilada. Em 2017 já
desactivada ainda mantinha este “layout”.
Havia miúdos
que iam por lá como o filho da Catarina(encarregada) o Manuel “pepino”, e o
amigo Manuel Meira nascidos nos anos 40 e que hoje já perto dos 80anos ainda
tem memória destas vivências. Iam pedir uma garrafinha pequena das ofertas aos
clientes e como já sabiam contar; ajudavam a contar as bilhas de 15l com que as
mulheres enchiam os depósitos com os vários ingredientes, até porque algumas mulheres
não tinham ido à escola primária.
A fábrica do Aniz Dómuz, foi vendida,
1ºao Conde da Torre-Domingos Serra, por
dívidas, em 1966, e este ao Nabeiro em
1968, ficando ainda a funcionar nas mesmas instalações, mais tarde é que foi
para instalações anexas ao Café Camelo em 1974. Onde se fabrica mais 2 tipos de
aniz, licor de café e amêndoa amarga e recentemente em 2018 deixou de fabricar
o aniz Dómuz seco porque saía pouco. O fabrico ainda é manual.
Fontes:
Manuel
Carreira “pepino” n1947 filho da DªCatarina
Manuel Augusto
Meira n1949, morava em frente à Fábrica
Manuel
Soeirinho n1954
António Paio
“Mato-rato” n1952
José Manuel
Gama
João Porto
Casa do
Alentejo em Lisboa, Biblioteca.
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