segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Quinta da Arcêz



            Quinta da Arcêz, Cabeça das Mós, Sardoal

 
A Casa Senhorial, actual residência de Carlos Neves e família
           
O pai, Dr. João Germano Neves da Silva, médico e chefe de Patologia no Hospital de Oncologia de Palhavã (óbito em 1977). Deu um grande impulso à quinta, com a construção da levada de água de ~1200m comprimento (1945). Esta era utilizada para regas, azenha, consumo da casa, animais, etc. Criando também uma feitoria com trabalhadores agrícolas para auto sustento da quinta.

 

A mãe, Maria Luísa Leal Matos e Silva, herdou a Quinta da Arcêz. 
 
           

Influência positiva desta família no Concelho Sardoal
1-Avô materno de Carlos Neves, pagou a 1ªFilarmónica e construíu o 1ºTeatro do Sardoal.
Esta família tem também origens em Vila de Rei.
2- A Ponte da Arcêz na EN358, foi construída a pedido do pai Dr João Germano Neves da Silva ao secretário das obras públicas nos anos 50, construída ~entre 1960 e 63, onde trabalhou o Bejamim Lopes, e inaugurada em 1966. Antes era uma pequena ponte de madeira,pedonal, junto à água. As carroças atravessavam o leito da ribeira.
A actual ponte, já era pedida hà muito, pelas populações locais; para facilitar as deslocações a Abrantes e ao Alentejo.

 

Localização da Quinta da Arcêz, desde a barragem até à zona da ponte na EN358
 
Nota: verifico um erro no “googlemaps”, a Capela está assinalada onde era o curral das ovelhas na Quinta ( mais tarde usado como café), fica junto à barragem. Assinalei a vermelho.
A ponte da Arcêz inaugurada em 1966 fica na EN358, próximo da casa Senhorial ,e das casas de apoio, assim como de todo o vale que era cultivado ( lado direito da imagem). Verifica-se no local, que a ribeira está invadida com árvores. Predominância de acácias.

A Quinta da Arcêz foi no séc XX ~ anos 1940 até início de 1980 uma das principais entidades empregadoras da aldeia Cabeça das Mós. Todo o vale da ribeira da Arcêz desde a Lapa até à ponte que dá para as Mouriscas era cultivada ( margem direita), ~1km. Sempre com grandes milherais, aveia e trigo.
 
A arca de 125 Kgs ~ 60 alqueires. Chegavam a encher  7 arcas destas com os cereais. Em cima da arca pode ver-se o ferro com o  logotipo da quinta um “ A” que se vê marcado na arca e com que se marcava o gado também.

 
Cavalo em pasto livre da quinta


Quinta composta por:
-capela da Lapa, onde o Bispo da Baía ia celebrar missa todos os dias, percorria a pé todo o vale desde a Casa Senhorial até à capela, séc XVII.
- Casa Senhorial
-Fontanário, existindo outro com mina no exterior onde o Bispo da Baía bebia.
-Azenha de rodízios com 2 pares de mós “Francesas”, mais rijas para moer o cereal. Era uma de milho e outra de trigo. O Serafim da azenha da Lapa é que picava as mós. Faziam uma farinha muito boa e fina.
-Lagar de Vara de azeitona puchado por muares e nos anos 60 o lagar novo a motor de gasóleo.
-estábulo
-adega
-armazém de cereais
-casa da criadagem e que foi depois armazém de batata no 1º e de fruta no r/c. Hoje com o dono Carlos Neves foi adaptada para Turismo Rural-considero simplesmente encantadora com a ribeira ao lado. Os hóspedes são acordados aos primeiros raios de sol, por uma orquestra de pássaros dos choupos da ribeira !

 


Sinos, a quinta tem dois em locais diferentes, onde um dava o toque de pegar ao serviço e outro o de despegar. No verão o almoço era de 2 horas, permitindo dormir a sesta.
Os sinos tinham que se ouvir no ponto mais longínquo, que é ao açude da lapa.

Levada, vai da Lapa onde está a comporta geral até à azenha e pelo caminho a levada  tem várias comportas para a rega. Foi construída  cerca de 1945, era o Carlos Neves miúdo e lembra-se dos pedreiros na sua construção.



 Trabalhadores fixos anualmente, eram cerca de 10, com horário de sol a sol, a sua jorna nos anos 1960 era de 22$50/dia, pagamento semanal ao Domingo depois da missa no Largo da Cabeça das Mós. Havia semanas que alguns só trabalhavam 2 a 3 dias.
José Maria
Manuel Esteves
Ramiro Moleirinho
Sebastião Maranga
Ti Paulina Esteves
Ti Maria Andresa
Pastor-SªVitória, com 90 ovelhas
O feitor Luís Filipe Gaspar Bernardino nascido em Vila de Rei em 1935. Entrou ao serviço da Quinta da Arcêz em 1962, e foi também o moleiro e mestre do lagar da quinta, fazia também o vinho e a aguardente para consumo da casa.
A esposa do feitor Ludova da Silva Barreira, tratava da criação (1-mula, porcos, marrãs criadeiras, 3-vacas, perus, galinhas e coelhos) e fazia ainda o pão para a quinta.
Antes do feitor Filipe foi o feitor Canhoto que era de Vila de Rei(... a 1962).

 
 Carlos Neves (78anos) com José Lopes em 7/4/2017 juntos ao velho alambique de barro

Trabalhos executados, roçar mato, cavar, regar, engorda de vitelos (compravam em pequenos e vendiam-nos com cerca de 300Kg), e pastoreio de ovelhas. Havendo ainda os ciclos da azeitona e dos cereais.

Ciclo do azeite, a quinta tinha outras propriedades só de olival tais como:
-do cemitério do Sardoal até à EN2 e passando pelo eucalipto histórico com 600 pés de oliveira, onde perto havia uma casa destinada ao rancho de mulheres que vinham de Alcaravela (Pisão) para a apanha de azeitona, a que se juntavam os homens fixos da Arcêz.
-actual zona industrial do Sardoal, era olival com cerca de 300 pés.
-Tapada Nova e margem esquerda da ribeira até ao Casalinho na Cabeça das Mós.
Houve um lagar de vara até meados de 1960, e depois a quinta instalou um lagar novo com motor a gásoleo. O mestre lagareiro era o Manuel Ferreiro e depois passou a ser o feitor Filipe Bernardino.

O produto da quinta destinava-se a toda a família Neves e vendiam para fora:
-queijos frescos (chegou-se a fazer 90/dia) e secos, o leite sobrante era para a casa.
-vitelos
-borregos
-porcos para criar
-leitões

Produções excecionais de anos bons:
-200 alqueires de milho
-60 alqueires de trigo
-125 alqueires de aveia

A lavoura nos anos 1960 ainda era com arado e uma parelha de mulas e mais tarde, passou a uma mula mas havia já um motocultivador, sendo o 1º na Cabeça das Mós.

1971-O Dr João Germano Neves da Silva decide alterar o funcionamento da Quinta da Arcêz a contento, alugando a Quinta por 24 000$00/ano em géneros ao feitor Filipe Bernardino.
Depois do falecimento do Dr Germano Neves, ainda ficou 5 anos até 1980 com o filho Carlos Neves. 

 
Filipe Bernardino, 18anos feitor na Quinta, de 1962 a 1980




Um pouco de história da Quinta da Arcêz

 
Capela da Lapa-existe uma Benção Papal  do ano 1659.

            O Bispo da Baía Dom Gaspar Barata Mendonça, celebrava aqui missa. Aquando da nomeação pela Bula “Divina Disponente Clementina” em16/11/1676, para a Baía. Uma doença grave acometeu-o,  e durante os 10 anos seguintes passa longos períodos de vilegiatura e convalescência na zona de Arcêz e Lapa, pertencente à sua família, onde em contacto pleno com a natureza dessa paisagem ídilica e, ao mesmo tempo, sedativa e repousante, procurava aurir a saúde perdida. Faleceu a 11/12/1686.
O vale para o lado de Entre Serras, chama-se Vale do Arcebispo, onde existe uma fonte com mina, e em que muitas vezes era só este o alimento do Bispo.

Já no século XX a quinta era pertença de DªMaria Eliza e DªNatividade de Vila de Rei, como não tiveram filhos deixaram-na à afilhada Maria Luísa Leal Matos e Silva que veio a casar com o Dr João Germano Neves da Silva.
A quinta actualmente é do filho Carlos Neves.


                                                                                             


Fontes:          
            Carlos Neves, Quinta da Arcêz
            O último feitor(encarregado), Filipe Gaspar Bernardino de 1962 a 1980, 18anos.
            José Pimenta Lopes
            Livro dos 75 anos do IPO, onde trabalhou o Dr João Germano Neves da Silva
            Beatriz Lopes, lembra-se de ir levar o almoço ao pai Bejamim Lopes à ponte
            www.sardoalmemória.net, D.Gaspar Barata de Mendonça



                                                                                             












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