quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Lagares de Vara


            Lagares de azeite de Vara
            Cabeça das Mós e Alcaravela, Sardoal



Este Lagar de azeite de Vara deve ser muito semelhante ao que existiu na Cabeça das Mós, na zona do colmeal, actual Rua 25 Abril do Ti Joaquim Belo. Ainda laborava nos anos 40 do século xx.
Em 1950 já estava desactivado, neste década serviu para exibir peças de teatro, promovidas e ensaiadas pelas professora primária Maria do Carmo. O Carlos Alberto Pires Coelho ensaiou lá a peça de teatro “RECITAS”. A Beatriz Lopes também se recorda de ir assistir lá ao teatro.














 Iluminação a azeite, candeia de 4 bicos do lagar

Moinho de galgas a tracção hidráulica, que no Ti Belo era tracção animal, com uma mula.

Vara enorme, normalmente de castanho com fuso sempre bem lubrificado e uma pedra grande de 1 a 2 toneladas, para prensar e extrair o azeite.


 


















Fazendo subir a pedra para extrair o azeite               O aperto das ceiras pela vara e o fuso c/ a pedra



O azeite depois de extraído. Daqui vai para as tarefas a decantar, ficando a água no fundo e o azeite em cima, depois as tarefas são purgadas por baixo até saír a água ruça toda para um depósito nos baixos do lagar, chamado “inferno”. O azeite vai então ser arrumado em vaselhame de barro ou de chapa.



Outros lagares e de vara existentes em Cabeça das Mós, todos desactivados:
            -Lagar de vara da Lapa, uns 20m depois da capela. Do Ti Luís Alpalhão.
Este lagar era movido pela roda de azenha, com água trazida pela levada  da ribeira de Entrevinhas. O Luís Santos do café ainda se lembra de lá ir levar azeitona com a carroça no fim dos anos 50 e 60. Com a construção da barragem desapareceu.
            -Lagar da Rua Casas Crespas, construído nos anos 40 por Boaventura Milheriço e o Camilo a 50% cada. A tracção era feita por um motor monocilindro a diesel, que transmitia por uma correia o movimento a um veio instalado em chumaceiras na parede do lagar  longitudinal, donde partiam correias para as várias funções; moenda, bateria, e uma prensa.
Nos anos 50 foi adaptado um dinamo de 12V que carregava duas baterias 12v, que alimentava a iluminação a 12v instalada no lagar. Este lagar foi adquirido pelo João Lagarinho.
            -Lagar do Ambrósio à EN; mas detido em 33% por António Ambrósio, Júlio Ambrósio e Miguel Moleiro. Já tinha um motor de 2 cilindros a diesel e duas prensas. O José Lopes trabalhou aqui alguns anos nas campanhas do azeite. Em ruínas.
            -Lagar das Cavadas de Manuel Alpalhão e mestre lagareiro, tinha instalado um motor de 2 cilindros e duas prensas. Transformado em habitação.
            -Lagar do Vale Porto, era de Manuel Dias Bia, depois Alcoino Alves e mais tarde adquirido por Joaquim Alves “pintado” que o transformou em serralharia. A família Bia chegado o tempo da azeitona contratava um rancho para a apanha e o lagar só trabalhava para esta família. O Manuel Pires Coelho ainda em 1945/6 fez reparações neste lagar.

Lagares de vara e outros existentes em Alcaravela, todos desactivados:
            -Lagar de vara de Amieira da Cova, Cabril, Porto Escuro e Cimo dos Ribeiros.
            -Lagar com motor a diesel no Cimo dos Ribeiros, Tojalinho, Panascos e Vale Formoso.
            Actualmente a azeitona de Alcaravela vai quase toda para os lagares de Montalegre, o da cooperativa e o do Mogno.
Nesta última campanha só abriu  a cooperativa de Montalegre e a “funda” foi baixa, inferior a 10, como exemplo duma medura de 402Kg de azeitona recebeu 37l de azeite.Neste lagar ainda se leva para casa o azeite da nossa azeitona.

Em Alcaravela, ainda no século XX, as serras à volta eram cobertas de oliveiras, o pinheiro bravo era pouco. Só nos anos 60 começou a desaparecer este olival e aparecer mais o pinho.
Nos casamentos, as famílias, informavam-se se o namorado tinha olival suficiente e só assim permitiam o namoro da filha; soube dum caso nos anos 60 na Presa.



Fontes:
-Maria do Céu de 86anos, filha do Ti Joaquim Belo.
-Fabrico de Azeite, por A.Urbano de Castro, edição da Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa 1932.
-Visita em 2016 a um lagar de vara em laboração, numa ribeira de Góis.
-Alcaravela memórias de um povo, pelo Dr. Augusto Serras, edição da C.M.Sardoal.
-José Lopes
-Manuel Mendes Pereira de 79anos, Presa
-Beatriz Lopes
-Carlos Alberto Pires Coelho



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