Já vem dos primórdios da
civilização o desejo de o homem comunicar as suas ideias e crenças.
Ele começa por pintar nas paredes
das cavernas quadros alusivos à sua
religião.
Mais tarde, este meio
repercute-se e evolui. Nas ruínas da Mesopotâmia, Grécia e Roma aparece-nos
frases ilustradas de propaganda política.
Hoje, mais do que nunca, devido
ao desenvolvimento da técnica, o cartaz ganha grande relevo social.
É o meio publicitário mais
acessível ao público. Encontra-se por todo o lado, na rua, nos estabelecimentos,
como que impondo-se, ao mesmo tempo que dá um tom alegre e decorativo ao local
onde se encontra.
Mas antes de aparecer junto do
público, o cartaz é planeado e rigorosamente estudado em todos os aspectos.
Ele tem de despertar
imediatamente a atenção, ao mesmo tempo que dá o máximo de informação sobre o
tema que versa.
Assim, as possibilidades
informativas de um cartaz dependem de vários factores:
-localização;
-texto;
-foto ou
desenho;
-a cor.
A
localização deve ser feita nos locais de maior circulação do público. O texto,
curto e acessível. O desenho ou foto vão concretizar o que o público sentirá ao
ler o cartaz, levando-o a desejar adquirir o produto e até a sentir uma certa
confiança no mesmo. Por fim, a cor.
Esta é o elemento mais importante
do cartaz, porque ela despertará imediatamente a atenção do público. Mas o
cartaz também pode ser a preto e branco, só que passa despercebido, enquanto o
colorido se impõe apelando à curiosidade.
As cores do cartaz podem-nos dar
variadíssimas sensações. Por exemplo: conforto , calor, equilíbrio, economia,
alegria, etc. E como?
Ora, se analisarmos algumas
cores, veremos que elas nos transmitem algo.
O vermelho é uma cor alegre,
gritante. Pode-nos dar a sensação de calor, alegria. O verde e o azul, cores
que não cansam, podem simbolizar para nós calma, frescura, segurança, ou frio,
melancolia.
O amarelo é uma cor luminosa, dá
uma certa alegria quando entra no conjunto, enquanto o laranja é uma cor
estimulante.
Assim, no cartaz, estas cores
devem ser usadas com o máximo de contraste. Mas sem magoar a visão do receptor.
Porque esse tipo de publicidade, chamada de “choque”, não resulta. O contraste
exagerado fere a vista, e não só. Ela exerce uma irritação sob o sistema
nervoso, que faz o público evitá-la e, por vezes, criar aversão pelo produto
anunciado.
Mas num cartaz podem-se usar
variadas cores, tanto as quentes como as frias. Tem de ser é com um certo
cuidado, nunca se deve exagerar na sua utilização. Porque isso dispersa o
leitor, que, por vezes, vê tudo menos o produto anunciado.
Geralmente na periferia do cartaz
usam-se as cores frias, indo gradativamente para o centro com as quentes,
porque é o ponto chave do cartaz.
Todos estes factores têm de ser
atendidos no cartaz, desenhado e pintado.
Mas hoje a foto colorida é a mais
utilizada no cartaz. Por vezes, utiliza-se também a foto a preto e branco, mas
geralmente está enquadrada numa cor que desperte a atenção. Então o fotógrafo
tira uma série de fotos. Daí escolhe-se a mais adequada para anunciar o produto
e aplica-se ao centro do cartaz, ou ela será o próprio cartaz. Assim o público
vê o produto dentro do seu ambiente. É um processo bastante eficaz. Exemplo:
A Schwepes utilizou, para o
lançamento dos seus sumos de frutos no mercado, o seguinte cartaz:
Como podemos observar, a foto
colorida engloba; o fruto, a garrafa, que nos dá a marca e o copo com o sumo
extraído.
Todo esse conjunto irá criar no
público a confiança naquela marca, porque o sumo é autêntico. O que será óptimo
para a saúde. Ao mesmo tempo que nos saciará a sede.
Se este cartaz não fosse
colorido, perdia quase todo o seu valor. Porque o que desperta a atenção nele é
o seu enorme fruto nas suas cores naturais. Depois, o texto é secundário, o raciocínio
está feito.
E como este à uma infinidade de
cartazes a cosméticos, doces, alimentos, sumos, vinhos, frutos, etc.
O conjunto de sensações, a
motivação para adquirir o produto e de certo modo a confiança que sentimos
nele, é-nos dada pelas cores que nos transmitem as suas mensagens, sem que nós
nos apercebamos. Assim o seu impacto faz-nos adquirir o produto anunciado nos
cartazes.
A cor é um jogo que faz parte do
dia a dia e nos atrai de tal maneira que é difícil resistir-lhe. Ela é um pouco
de nós. Através dela nós revelamos a nossa personalidade, o nosso carácter, os
nossos desejos.
Ela faz-nos transparecer sem que
nós nos apercebamos. Por isso ela é tão utilizada nos meios publicitários.
Por Maria de Fátima Penha Garcia,
aluna do curso complementar da Escola de Artes Decorativas
de António Arroio.
Publicada na Revista Nacional de Artes Gráficas “PRELO”,
Janeiro-Abril de 1976
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